Os vereadores da Comissão de Cidadania fizeram uma audiência pública na quinta (14/12) para ouvir reclamações dos usuários do Transporte Eficiente, serviço destinado a pessoas com deficiência no sistema de transporte coletivo urbano de Joinville.
O cadeirante Nelson Farias, da Associação dos Deficientes Físicos de Joinville (Adej), foi quem requisitou a audiência com os vereadores.
Passageiro recorrente, ele apontou três fatos que ainda causam transtornos aos deficientes: o longo tempo que se passa dentro do ônibus, as dificuldades no agendamento e a cobrança de multa a usuários que atrasam ou faltam ao agendamento.
Os problemas no Transporte Eficiente não são recentes. Os vereadores têm abordado de tempos em tempos o tema nas comissões permanentes, em especial na de Urbanismo e na de Cidadania.
Segundo o membro da Adej, o tempo que se passa dentro dos ônibus melhorou um pouco, mas ainda é penoso para a maioria dos deficientes físicos, podendo chegar a duas horas.
Quanto aos agendamentos, a reclamação é que não há mais oportunidade de negociação, porque, segundo ele, o serviço deixou de ser feito por telefone e passou a ser feito pelo WhatsApp.
Farias disse que os usuários abrem chamado pela manhã e, muitas vezes, só recebem retorno no fim da tarde ou início da noite, o que lhes prejudica a confirmação dos compromissos para os quais requerem o transporte, como consultas médicas, por exemplo.
“É uma espera muito longa. Eu não sei se terei como ir, então não posso confirmar um médico, uma reunião, o que quer que seja”, disse Nelson Farias.
Ele também reclamou que motoristas não esperam mais de cinco minutos os passageiros. Aqueles que se atrasam ou faltam são notificados e multados em valor equivalente a uma passagem, denunciou Nelson Farias. Por conta disso, ele cobrou que os deficientes físicos que usam o serviço também sejam ressarcidos quando o ônibus atrasa por tempo igual ou superior. A opinião dele foi corroborada por outros participantes da audiência pública.
O que disse a concessionária
Alcides Bertoli, diretor de uma das empresas concessionárias do transporte em Joinville, disse que passageiros do Transporte Eficiente se esquecem que, apesar de ser um serviço diferenciado, com características personalizadas, como os pontos de embarque e desembarque, por exemplo, ele ainda é um serviço coletivo.
Ele se referia ao tempo que se passa dentro dos ônibus, aspecto para o qual alegou ter havido avanços desde das últimas reuniões na CVJ. Reconheceu, contudo, que é preciso melhorar.
Sobre as multas, Bertoli alegou que houve 56 mil atendimentos esse ano. Em apenas 36 situações, segundo ele, houve notificação dos passageiros. Eles apresentaram justificativas para os atrasos ou faltas e, ao fim do processo, apenas nove foram efetivamente multado em valor equivalente a uma passagem.
O diretor da empresa de ônibus queria fazer uma apresentação de slides para mostrar outros aspectos do Transporte Eficiente aos deficientes físicos presentes na audiência pública. O encontro, todavia, teve de ser encerrado por conta de outro evento que haveria em seguida no plenarinho da CVJ.
O presidente da Comissão de Cidadania, Ascendino Batista (PSD), prometeu voltar ao tema na primeira reunião do colegiado em 2024, que será em 14 de fevereiro.